quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pop Art


 Em consequência da Segunda Guerra Mundial, o "centro de gravidade" da arte ocidental mudou-se da Europa para a América do Norte, que acolheu com entusiasmo as idéias vanguardistas. Por abrigar o trabalho de alguns dos principais criadores da segunda metade do século XX, Nova York se equivaleu ao que era Paris no século XIX e no início do século XX.
 Entre os anos de 1950 e 1960, as tendências mais significativas foram o Expressionismo Abstrato e a Pop Art, que apresentavam elementos europeus, mas encontraram na América sua genuína expressão.
Pop Art é o nome que se deu à tendência artística que usa objetos e assuntos comuns como latas, sanduíches, tiras de história em quadrinhos, anúncios, embalagens, cenas de TV, como fontes de inspiração e que foram fisicamente incorporados ao trabalho. Eles se utilizam de novos materiais, misturando fotografia, pintura, colagem, escultura, assemblage ( colagem em 3 dimensões ). Colagens e repetições de imagens em série são características das obras e os temas são os símbolos e os produtos industriais dirigidos às massas urbanas: tampinhas de garrafa, pregos, automóveis, enlatados, os ídolos de cinema e da música, produtos descartáveis, fast food.
Esse movimento surgiu na Inglaterra, por volta dos anos 50, mas realizou todo o seu potencial na Nova York dos anos 60, quando dividiu com o minimalismo as atenções do mundo artístico.
Pop Art é uma abreviação do termo inglês "popular art "( arte popular ). Não significa arte feita pelo povo, mas produzida para o consumo de massa.
  A fonte da criação para os artistas ligados a esse movimento era o dia-a-dia das grandes cidades norte-americanas. Com o objetivo da crítica irônica ao bombardeamento da sociedade capitalista pelos objetos de consumo da época, ela operava com signos estéticos de cores inusitadas massificados pela publicidade e pelo consumo, usando como materiais principais: gesso, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, fluorescentes, brilhantes e vibrantes.
Os recursos expressivos da pop-art são semelhantes aos dos meios de comunicação de massa, como o cinema, a publicidade, a TV e desenhos em quadrinhos.
Um exemplo bastante ilustrativo é o trabalho feito por Andy Warhol (1930-1987), que realizou, a partir de uma fotografia de Marilyn Monroe, uma seqüência de imagens dela que, apesar das alterações nas cores, permanecem invariáveis.

Diz-se que a Pop art é o marco de passagem da modernidade para a pós-modernidade na cultura ocidental.


Alguns trabalhos no estilo Pop Art:







Pop Art no Brasil


Capa de CD

Aderindo apenas à forma e à técnica utilizada na Pop art os artistas brasileiros expressaram a insatisfação com a censura instalada pelo regime militar.
Em comparação à pop art americana, a pop art brasileira era mais precária, mas sem perder a qualidade  artística e conceitual. A pop art americana que influenciaria a criatividade em várias partes do mundo, era feita com técnica e materiais de boa qualidade.
No Brasil, esse movimento se desenvolveu utilizando materiais alternativos e reaproveitados, e foi com a precariedade que a pop art brasileira encantou o público.
Na década de 60, os EUA viviam numa época de pós-guerra enquanto que o Brasil iniciava um período de ditadura. Boa parte do conteúdo impresso nas peças artísticas desse movimento no Brasil,  traziam referência à denúncias de tortura e violência.
A pop art brasileira revelou o seu engajamento contra a ditadura, como uma forma de se opor à repressão. Refletia também sobre o cotidiano e o banal, a nossa pop  art ganhou estilo próprio, nos EUA e Inglaterra, por exemplo, ocorreu uma incorporação de elementos da sociedade de consumo, enquanto que no Brasil, predominou a temática social dos anos 60.
Dentre os principais artistas nesta época estão Wesley Duke Lee, Luiz Paulo Baravelli, Carlos Fajardo, Claudio Tozzi, José Roberto Aguilar e Antonio Henrique Amaral, entre outros.

Jean Charles de Castelbajac

Jean Charles de Castelbajac, também conhecido pela sigla JC/DC é o designer de moda – e também de móveis – é apontado pelo influente site de tendências WGSN como a mais importante referência à pop art na moda. Castelbajac que faz roupas super despojadas, cheias de cores e de humor, roupas que são quase figurinos. Já desfilou coleções inspiradas em Mickey Mouse, Lego e Muppets. Usa elementos totalmente inesperados, fazendo com que as modelos vistam de cubos mágicos a castelinhos de reis e rainhas. Duas das suas coleções mais famosas são as roupas que foram para a passarela em 2009 com os Muppets e a coleção inspirada no mundo das pecinhas Lego. Este estilista é mestre no quesito inovação. Já vestiu celebridades como Madonna, Mia, Lady Gaga e Katy Perry, entre outras.

Jean-Charles de Castelbajac nasceu em 28 de novembro de 1949 em Casablanca, no Marrocos. Filho de Louis e Jean-Blanche, Marqueses de Castelbajac, na França. Com 5 anos seus pais, preocupados com sua educação, o enviaram para o colégio militar de Mesnières-en- Bray, na França.
Órfão de pai aos 15 anos, sua mãe mudou sozinha com sua família para França e abriu uma pequena empresa em Limoges. Na época, o jovem Jean Charles, que era arqueólogo, começou a criar pequenos croquis, e em maio de 1968 tornou-se diretor artístico da empresa.
Com 18 anos, Jean-Charles de Castelbajac conheceu o artista plástico dadaísta Raoul Hausmann e começou a se interessar por arte. Em 1968, rebatizou a fábrica Ko and Co e criou sua primeira coleção.
Em 1969, seu primeiro desfile de moda revelou um estilo infantil, o universo da infância foi sempre uma importante fonte de inspiração para o estilista. O estilista utilizou retalho de panos, toalhas plásticas e tecidos de camuflagem. Suas criações foram solicitadas pelas boutiques da moda na época. Para a Ko and Co, recrutou nesse mesmo ano Kenzo e Chantal Thomas, ainda desconhecidos pelo grande público.
Em 1970, fez sua primeira capa da revista ELLE e criou figurinos para o teatro. Também foi em 1970 que conheceu o jornalista Jean-François Bizot e o artista e escritor Roland Topor.
Jean-Charles continuou seu trabalho artístico com a criação dos seus vestidos, suas roupas com tamanhos desproporcionais, chamadas de "roupas Gulliver" pela imprensa.
Em 2004, abriu seu atelier e sua nova loja conceito com a colaboração de Christian Ghion, em Paris e realizou seu primeiro curta-metragem Hôtel Kittyfornia com Mareva Galanter.

Jean-Charles de Castelbajac
As suas criações têm sempre uma vertente lúdica e cores vibrantes. Obedecem a uma estética comum à pop art, mas o jogo de silhueta e de relevos ganha sentido estético.








quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os Gêmeos

Ao caminhar pelas ruas e se surpreender  ao encontrar nos muros, edifícios e até mesmo vagões de trem, representações humanas de pele amarelada envolvidas em inusitadas fantasias e situações.  Esse é o objetivo dos artistas Gustavo e Otávio, conhecidos mundialmente como Os Gêmeos – ou pela famosa assinatura “osgemeos”.
Os Gêmeos é uma dupla de irmãos gêmeos idênticos grafiteiros de São Paulo, nascidos em 1974, cujos nomes reais são Otávio e Gustavo Pandolfo. Formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, começaram a pintar grafites em 1987 no bairro em que cresceram, o Cambuci, e gradualmente tornaram-se uma das influências mais importantes na cena paulistana, ajudando a definir um estilo brasileiro de grafite.
Conhecidos por suas grandes intervenções urbanas, suas obras retratam sonhos surgindo em meio ao real: personagens que carregam consigo a dura realidade do cotidiano de uma cidade envoltos numa eterna influência folclórica, como se lendas, sonhos e histórias populares guiassem a vida dos cidadãos em pleno século XXI.
O trabalho dos “Os Gêmeos” já ultrapassou as barreiras do grafite nas ruas e chegou a museus do mundo inteiro. Nas exposições, além dos painéis, encontram-se esculturas gigantescas, carros e instrumentos musicais (que funcionam!) customizados. E não são para desbravar só com os olhos: na maioria das obras, sempre é possível uma interação: pode-se tocar, manusear e, nas peças maiores, como barcos, caixas e túneis, a entrada é permitida e incentivada.
Frequentemente mencionados com louvor, como grandes representantes da arte contemporânea, Os Gêmeos impressionam pela imponência e riqueza de detalhes. Suas esculturas, na maioria das vezes muito altas, são à base de material reciclado, como latas, papelões, lascas de madeira e retalhos. Tudo trabalhado de forma tão delicada que um universo de detalhes se abre perante os olhos: a face, a posição dos braços e até mesmo as estampas das roupas das personagens estão cravados de expressões que dão uma riqueza inestimável às obras.
Os trabalhos da dupla estão presentes em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política; o estilo formou-se tanto pelo hip hop tradicional como pela pichação.
Em 22 de maio de 2008, executaram a pintura da fachada da Tate Modern, de Londres, para a exposição Street Art, juntamente com o grafiteiro brasileiro Nunca, o grupo Faile, de Nova York; JR, de Paris; Blu, da Itália; e Sixeart, de Barcelona.

veja alguns trabalhos realizado pelos Gêmeos.


  









Jean Michel Basquiat

O jovem pintor afro-americano era filho de Gerard Jean-Baptiste Basquiat, ex-ministro do interior do Haiti que se tornou proprietário de grande escritório de contabilidade ao imigrar para os Estados Unidos e de Mathilde Andrada, de origem portorriquenha. Era o primeiro, dos três filhos do casal, de classe média alta.
O menino Jean-Michel, como toda criança, aos três anos já desenhava caricaturas e reproduzia personagens dos desenhos animados da televisão. Mas seu gosto pela arte se tornou coisa séria e um dos seus programas favoritas era, já aos seis anos, freqüentar o MOMA, Museu de Arte Moderna, de onde tinha carteira de sócio-mirim.
Uma tragédia o colocou ainda mais próximo da arte, quando aos sete anos foi atropelado e no acidente teve o baço dilacerado. Foi submetido a uma cirurgia e ficou uma temporada no hospital. Sua mãe, então lhe deu de presente um livro de anatomia, Gray's Anatomy, que teria grande influência em seu futuro de artista, revelado pelas pinturas de corpos humanos e detalhes de anatomia e até no nome da banda musical de curta duração que fundou em 1979: Gray's, que assumia as influências dos ventos latinos, vindos do Caribe e Porto Rico, que sopravam sobre a cena artística de Nova York, como o hip hop, o break e o rap.
Com o divórcio dos pais, muda com o pai e as irmãs para Porto Rico e lá vivem de 1974 a 1976. Basquiat toma contato com suas origens latinas. Aos 17 anos está de volta a Nova York e não consegue se adaptar às escolas convencionais. Passa a freqüentar a Edward R. Murrow High School mas a abandona praticamente no final do curso, sai de casa, vai morar com amigos, e passa a pintar camisetas que ele mesmo vende nas ruas.
Com o artista gráfico Al Diaz cria a SAMO (same old shit - mesma velha merda), marca e assinatura que usava para espalhar as suas obras pelas paredes da cidade. Passa a viver nas ruas e a grafitar paredes, portas de casas e metrôs de Nova York.
            Aos poucos torna-se uma celebridade, começa a aparecer num programa da TV a cabo e é convidado a participar do filme Downtown 81, investindo o dinheiro que ganhou em materiais de pintura. O filme relata um dia na vida do jovem artista à procura da sobrevivência e mistura hip hop, new wave e graffiti, manifestações artísticas típicas do início da década de 80.

Mudança de rumo

Com a fama adquirida passa a ter dinheiro, torna-se artista internacional de vanguarda e amigo de pessoas influentes, conhecendo e convivendo com Andy Warhol, com quem compartilhou forte amizade. Warhol proporcionou a ele lugar para morar, materiais para trabalhar, além de ajudar a divulgar o seu trabalho e patrocinar algumas excentricidades, típicas de endinheirados. Nessa época Basquiat abandonou a arte de rua e o graffiti e decreta nas paredes: "SAMO morreu".
Começa a pintar telas que passam a ser adquiridas e comercializadas por marchands de Zurique, Nova York, Tóquio e Los Angeles, ávidos por novidades. De artista que vivia precariamente passa a ser um artista consumido e recebido nos salões mais chiques e exclusivos de Nova York.
A arte de Basquiat, chamada de "primitivismo intelectualizado", uma tendência neo-expressionista, retrata personagens esqueléticos, rostos apavorados, rostos mascarados, carros, edifícios, policiais, ícones negros da música e do boxe, cenas da vida urbana, além de colagens, junto a pinceladas nervosas, rabiscos, escritas indecifráveis, sempre em cores fortes e em telas grandes. Quase sempre o elemento negro está retratado, em meio ao caos. Há também uma dessacralização de ícones da história da arte, como a sua Mona Lisa (acrílico e óleo sobre tela) que é uma figura monstruosa riscada no suporte.
O período mais criativo da curta vida e da carreira meteórica de Basquiat situa-se entre 1982-1985, e coincide com a amizade com Warhol, época em que faz colagens e quadros com mensagens escritas, que lembram o graffiti do início e que remetem às suas raízes africanas. É também o período em que começa a participar de grandes exposições.
Em 1982, com a mostra Anatomy, foi o mais jovem artista da famosa exposição Dokumenta, de Kessel. E, em 1983, o mais jovem artista da Bienal do Whitney Museum, de Nova York. Daí em diante, participa de centenas de exposições e passa a ter trabalhos espalhados por vários dos museus mais importantes do mundo, como: Osaka City Museum of Modern Art, Japão; Chicago Art Institute, Illinois, Estados Unidos; Everson Museum of Art, Syracuse, Nova York, Estados Unidos; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, Estados Unidos; Kestner-Gesellschaft, Hannover, Alemanha; Museum Boymans-van Beuningen, Roterdã, Holanda; Museum of Contemporary Art, Chicago, Estados Unidos; Museum of Contemporary Art, Los Angeles, Estados Unidos; Museum of Modern Art, Nova York, Estados Unidos; Museum of Fine Arts, Montreal, Canadá; Whitney Museum of American Art, Nova York, Estados Unidos.
A morte do amigo e protetor Andy Warhol, em 1987, deixa Basquiat abalado e debilitado e isso se reflete na sua criação. Os críticos, sempre muito exigentes, já não o tratam com unanimidade e Basquiat responde a essas cobranças, associando-a ao racismo arraigado da sociedade americana.
Solitário, exagera no consumo de drogas e em agosto de 1988 acontece a trágica morte por overdose de heroína, que põe fim à carreira brilhante do primeiro afro-americano a ter acesso à fechada cena das artes plásticas novaiorquinas e, a partir daí, presença nas mais importantes mostras do mundo, entre elas, uma sala especial, em 1996, na 23ª Bienal de São Paulo, e em 1998, uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo. No ano de 2010, uma retrospectiva organizada em Paris gerou algumas das maiores filas que a cidade luz já viu.

Conheça mais.
Basquiat (1996), filme inspirado na vida do artista, dirigido por Julian Schnabel, com Jeffrey Wright como Basquiat e David Bowie como Andy Wahrol.
 
Alguns trabalhos do artista.