terça-feira, 7 de maio de 2013

Chiquinha Gonzaga



Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 — 28 de fevereiro de 1935) foi uma compositora, pianista e regente brasileira.
Foi a primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca ("Ô Abre Alas", 1899), introdutora da música popular nos salões elegantes, fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. No Passeio Público do Rio de Janeiro, há uma herma em sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha. Em maio de 2012 foi sancionada a Lei 12.624 que instituiu o Dia Nacional da Música Popular Brasileira, a ser comemorado no dia de seu aniversário.
Era filha de José Basileu Gonzaga, general do Exército Imperial Brasileiro e de Rosa Maria Neves de Lima, uma negra muito humilde. Apesar de opiniões contrárias da família, casou-se após o nascimento da menina Francisca. Chiquinha Gonzaga foi educada numa família de pretensões aristocráticas (seu padrinho era Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias). Ela conviveu bastante com a rígida família do seu pai. Fez seus estudos normais com o Cônego Trindade, um dos melhores professores da época, e musicais com o Maestro Lobo, um fenômeno da música. Desde cedo, frequentava rodas de lundu, umbigada e outros ritmos oriundos da África, pois nesses encontros buscava sua identificação musical com os ritmos populares que vinham das rodas dos escravos.
Inicia, aos 11 anos, sua carreira de compositora com uma música natalina, Canção dos Pastores. Aos 16 anos, por imposição da família do pai, casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Imperial brasileira e logo engravidou. Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia, (já que ele passava mais tempo trabalhando no navio do que com ela) e as ordens dele para que não se envolvesse com a música, além das humilhações que sofria e o descaso dele com seu sonho, Chiquinha, após anos de casada separou-se, o que foi um escândalo na época.
Leva consigo somente o filho mais velho, João Gualberto. O marido, no entanto não permitiu que Chiquinha cuidasse dos filhos mais novos: Sua outra filha, Maria do Patrocínio e do filho, o menino Hilário, ambos frutos daquele matrimônio. Ela lutou muito para ter os 3 filhos juntos, mas foi em vão. Sofreu muito com a separação obrigatória dos 2 filhos imposta pelo marido e pela sociedade preconceituosa daquela época, que impunha duras punições à mulher que se separava do marido.
Chiquinha Gonzaga aos 78 anos
Anos depois, em 1867, reencontrou seu grande amor do passado, um namorado de juventude, o engenheiro João Batista de Carvalho, com quem teve uma filha: Alice Maria. Viveu muitos anos com ele, mas Chiquinha não aceitava suas traições. Separa-se dele, e mais uma vez perde uma filha. João Batista não deixou que Chiquinha criasse Alice, ficando com a guarda da filha. Apesar disso tudo, Chiquinha foi muito presente na vida de todos os seus quatro filhos, mesmo só criando um deles. Ela sempre estava acompanhando a vida deles e tendo contato.
Ela, então, passa a viver como musicista independente, tocando piano em lojas de instrumentos musicais. Deu aulas de piano para sustentar o filho João Gualberto e mantê-lo junto de si, sofrendo preconceito por criar seu filho sozinho. Passando a dedicar-se inteiramente a música, onde obteve grande sucesso, sua carreira aumentou e ela ficou muito famosa, tornando-se também compositora de polcas, valsas, tangos e cançonetas. Antes, porém, uniu-se a um grupo de músicos de choro, que incluía ainda o compositor Joaquim Antônio da Silva Callado, apresentando-se em festas. A estreia como compositora se deu em 1877, com a polca Atraente, composta de improviso durante roda de choro em casa do compositor Henrique Alves de Mesquita e publicada pela Viúva Canongia, Grande Estabelecimento de Pianos e Músicas.
Em 1889 promoveu e regeu, no Teatro São Pedro de Alcântara, um concerto de violões, instrumento estigmatizado àquela época. Foi uma ativa participante do movimento pela abolição da escravatura, vendendo suas partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a Confederação Libertadora. Com o dinheiro arrecadado na venda de suas músicas comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico. Chiquinha Gonzaga também participou da campanha republicana e de todas as grandes causas sociais do seu tempo. Já era uma artista consagrada quando compôs, em 1899, a primeira marcha- rancho, Ó Abre Alas, verdadeiro hino do carnaval brasileiro.
Em setembro de 1917, após anos de campanha, liderou a fundação da SBAT, sociedade pioneira na arrecadação e proteção dos direitos autorais.
Aos 52 anos, após muitas décadas sozinha, mas vivendo feliz com os filhos e a música, conheceu João Batista Fernandes Lage, um jovem cheio de vida e talentoso aprendiz de musicista, por quem se apaixonou. Ele também se apaixonou perdidamente por essa mulher madura que tinha muito a ensinar-lhe sobre música e sobre a vida. A diferença de idade era muito grande e causaria mais preconceito e sofrimento na vida de Chiquinha, caso alguém soubesse do namoro. Ela tinha 52 anos e João Batista, apenas 16. Temendo o preconceito, fingiu adotá-lo como filho, para viver o grande amor. Esta decisão foi tomada para evitar escândalos em respeito aos seus filhos e à relação de amor pura que mantinha com João Batista, da qual pouquíssimas pessoas na época entenderiam, além de afetar sua brilhante carreira. Por essa razão também, Chiquinha e João Batista Lage, ou Joãozinho, como carinhosamente o chamava, mudaram-se para Lisboa, em Portugal, e foram viver felizes morando juntos por alguns anos longe do falatório da gente do Rio de Janeiro. Os filhos de Chiquinha, no começo, não aceitaram o romance da mãe, mas depois viram com naturalidade. João Batista Lage aprendeu muito com Chiquinha sobre a música e a vida. Eles retornaram ao Brasil sem levantar suspeita nenhuma de viverem como marido e mulher. Chiquinha nunca assumiu de fato seu romance, que só foi descoberto após a sua morte através de cartas e fotos do casal. Aos 85 anos de idade escreveu a última partitura, Maria, com libreto de Viriato Corrêa. Sua obra reúne dezenas de partituras para peças teatrais e centenas de músicas nos mais variados gêneros: polca, tango brasileiro, valsa, habanera, schottisch, mazurca, modinha etc. Ela morreu aos 87 anos de idade, ao lado de João Batista Lage, seu grande amigo, parceiro e fiel companheiro, seu grande amor, em dia 28 de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro, quando começava o Carnaval.

DADOS CRONOLÓGICOS

1847 - Nasce no Rio de janeiro a 17 de outubro.
1863 - Casa-se com Jacinto Ribeiro do Amaral.
1864 - Nasce seu primeiro filho: João Gualberto.
1865 - Nasce sua filha Maria.
1866 - Embarca com o marido no navio São Paulo, por este fretado, que transporta tropas para a Guerra do Paraguai.
1869 - É homenageada pelo compositor Joaquim Antônio Callado com a polca "Querida por todos".
1870 - Nasce seu terceiro filho, Hilário.
1875 - Nasce Alice, sua filha com o engenheiro João Batista de Carvalho. Sofre processo de divórcio movido pelo marido no Tribunal Eclesiástico.
1877 - Primeira obra editada: a polca Atraente, que em nove meses chega à 15ª edição.
1879 - Começa a instrumentar, com autodidatismo.
1880 - Anuncia-se publicamente como professora de várias matérias.
1883 - Tentativas frustrada de musicar libreto de Arthur Azevedo (a produção teatral não aceita uma mulher como autora da música).
1885 - Estreia como maestrina.
1888 - Extinção da escravidão no Brasil, pela qual durante tantos anos Chiquinha Gonzaga lutara.
1889 - Proclamação da República, outro anseio da compositora.
1890 - Nasce a primeira neta.
1891 - Falecimento do pai.
1897 - Falecimento de Rosa, sua mãe.
1899 - Carnaval. Compõe Ó Abre Alas. Conhece João Batista, jovem português de 16 anos que seria seu companheiro até o fim da vida.
1902 - Viaja para a Europa.
1904 - Segunda viagem à Europa.
1906 - Instala-se em Portugal.
1909 - Retornos ao Brasil.
1911 - Inicia intensa atividade musicando peças teatrais para os espetáculos por sessões dos cineteatros da Praça Tiradentes (RJ).
1912 - Estreia Forrobodó, seu maior sucesso teatral.
1913 - Deflagra campanha em defesa pelo direito autoral dos compositores e teatrólogos.
1914 - Lançamento, com grande sucesso, do tango Corta-Jaca.
1917 - Participa da fundação da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.
1919 - Grande êxito da peça de costumes regionais Juriti.
1925 - Recebe homenagens consagradoras da SBAT e reconhecimento do país inteiro.
1928 - Seu filho João Gualberto morre em São Paulo.
1933 - Aos 85 anos, escreve sua última partitura para teatro: Maria.
1934 - Falecimento da filha Maria.
1935 - Morre no dia 28 de fevereiro. Dois dias depois realiza-se o primeiro concurso oficial das escolas de samba.


Fonte:
http://www.chiquinhagonzaga.com/biografia.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chiquinha_Gonzaga
Verbete biográfico e dados cronológicos retirados do livro "Chiquinha Gonzaga: uma história de vida", escrito por Edinha Diniz, em nova edição revista e atualizada. Jorge Zahar Editora, 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário