sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A História dos Calendários



Antes que existissem calendários, antes mesmo que fosse estabelecida a duração dos ciclos da natureza, o lunar e o solar, começaram a ser usados há milhares de anos e ainda hoje serve como base para a nossa contagem de dias.
O primeiro refere-se à passagem das quatro fases da lua (nova, crescente, cheia e minguante) e dura 29 dias e 13 horas, aproximadamente. Já o ciclo lunar é o período equivalente á passagem das estações do ano (primavera, verão, outono e inverno) que é de 365 dias e 6 horas.
Tanto o ciclo lunar quanto o solar pode servir para estabelecer calendários. Mas essa história do número de dias do ano não ser inteiro já deu muita confusão.

O calendário que veio de Roma

Diz a lenda que o calendário romano foi criado por Rômulo, o primeiro rei de Roma, no ano 735 antes de Cristo. Ele de baseava no ciclo lunar e tinha 304 dia dividido em 10 meses – seis com 30 dias e quatro com 31. Naquela época, a semana tinha oito dias e só passaria a ter sete no ano 321 depois de cristo por ordem de Constantino, outro imperador romano.
Mas vamos voltar a Rômulo. Foi ele quem nomeou os primeiros quatro meses do calendário romano de martius (em homenagem ao deus da guerra), aprilis (provavelmente se referindo à criação de porcos), maius (para uma deusa italiana local) e junius (para a rainha dos deuses latinos). Os meses seguintes foram simplesmente contados em latim: quitilis, sextilis, septembre, octobre, novembre e decembre.
Como esse calendário não estava alinhado com as estações do ano, que tem duração aproximada de 91 dias cada uma, por volta do ano 700 antes de Cristo, o rei Numa, que subiu ao trono depois de Rômulo, decidiu criar mais dois meses: janus (em homenagem à deusa romana do nascer e pôr do Sol) e februarius (que significa mês das purificações). Embora as estações estejam ligadas ao ciclo solar, o novo calendário passou a ter 354 dias, resultado de seis meses de 30 dias e seis meses de 29 dias.
Durante o império de Júlio Cesar, por volta do ano 46 antes de Cristo, o calendário sofreu mais mudanças. Os senadores romanos mudaram o nome do mês quintilius para Julius, como forma de homenagear o imperador. Mais tarde, Augusto, que ocupou o trono depois de Júlio Cesar, também foi homenageado e o mês sextilius passou a se chamar augultus. Mas não foi só isso.
Ainda no império de Júlio Cesar, o calendário passou a se orientar pelo ciclo solar, com 365 dias de 6 horas. O chamado calendário juliano foi uma nova tentativa de entrar em sintonia com as estações. Para ajustar a questão das horas, foi criada uma rotina em que por três anos seguidos o calendário teria 365 dias. No quarto ano, ele passaria a ter 366 dias, porque depois de quatro anos as 6 horas que sobraram do ciclo solar somavam 24 horas, isto é, mais um dia. Estava assim estabelecido o ano bissexto.
Anos mais tarde, quando o mês sextilius passou a ser chamado de augustus, ficou decidido que o mês em homenagem ao imperados Augusto não poderia ter menos dias que o mês em homenagem a Júlio César. Assim, um dia de februarius foi transferido para augustus, por isso hoje o mês de fevereiro tem 28 dias (ou 29 em anos bissextos).

O nosso calendário

O calendário usado hoje em quase todo o mundo é uma leve modificação do calendário o juliano e foi introduzido por ordem do papa Gregório XIII, em 1582, sendo por isso chamado de calendário gregoriano. Mas por que mexeram na fórmula que parecia ter dado certo? Porque se descobriu que o ciclo solar não tinha 365 dias e 6 horas redondas e sim 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 16 segundos.
Essa diferença que parece pequena vai se acumulando e após um período de aproximadamente 134 anos passa a ser de um dia. Por isso, propôs que o resultado fosse arredondado para três dias a cada 400 anos. Como o calendário juliano considerava o ano com 365 dias e 6 horas, na época em que se descobriu que o ano era mais curto em alguns minutos pelo qual as pessoas se orientavam estava 10 dias adiantado. Assim para se ajustar ao calendário o Papa Gregório eliminou 10 dias do calendário no mês de outubro. Em outras palavras, o dia seguinte a 4 de outubro foi p dia 25 de outubro.
Essa atitude do Papa deu o que falar! Muita gente foram para as ruas protestar. Em alguns lugares, com a Inglaterra e suas colônias, o calendário gregoriano só foi aceito em 1752, o que obrigou a eliminação de 11 dias do ano. Na Rússia, 13 dias foram eliminados porque o novo calendário só passou a vigorar em 1918.


Fonte:
Ciência hoje das crianças, nº 94, agosto de 1999

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